#ParaTodosVerem: Fotografia em preto e branco de Beatriz Nascimento, mulher negra, com cabelo crespo, curto e arredondado. Está posicionada próximo à câmera com o braço direito erguido apontando ao gesticular enquanto fala.
#ParaTodosVerem: Fotografia em preto e branco de Maria Beatriz Nascimento, mulher negra com cabelo crespo, curto e arredondado. Está centralizada na fotografia, com o corpo levente rotacionado para o lado esquerdo, sorrindo para a câmera.
O racismo e o capacitismo se estabelecem de modo estrutural na sociedade, produzindo sofrimento psíquico e desigualdade social que são refletidos no campo da educação, portanto, se faz necessário criar estratégias e propostas psicopedagógicas que trabalhem para fortalecer a identidade da pessoa negra, da pessoa com deficiência e da pessoa negra com deficiência, se distanciando do imaginário social e dos estigmas de subalternidade e anormalidade que atravessam esses corpos.
A sala Beatriz Nascimento se trata de um projeto fomentado pela FAPERJ, órgão de apoio à pesquisa do estado do Rio de Janeiro, com sala física sediada na Escola Municipal Professora Marly Cid Almeida de Abreu, localizada no município de Itaboraí, coordenado por Luiza Oliveira, Ana Claudia Lima Monteiro, Marcia Moraes, Rose Latini e Abrahão Santos.
O projeto é uma associação entre pesquisadores da Universidade Federal Fluminense e a população da escola na criação de uma sala multiuso e temática, totalmente interativa que visa promover ações contra o racismo e contra o capacitismo através de materiais acessíveis e atividades para a formação continuada em Educação Antirracista e Educação Anticapacitista de profissionais: professores, psicólogos, assistentes sociais, educadores sociais, entre outros;
Neste site encontrarão o acervo remoto e as atividades realizadas, bem como um breve resumo sobre a vida e obra de Beatriz Nascimento, um destaque sobre Conceição Evaristo e a apresentação da equipe que compôs o projeto. O projeto também conta com uma página no instagram, onde compartilhamos estudos acerca dos temas abordados e atividades do projeto, a mídia social contém uma ferramenta de texto alternativo que substitui a imagem por uma descrição, o que é essencial para que a página seja inclusiva dado que os leitores de tela usados por pessoas com deficiência visual, no geral, descrevem apenas os textos, não descrevem fotos e vídeos.
Maria Beatriz Nascimento, ou apenas Beatriz Nascimento, nascida em Aracaju, no dia 27 de julho, e se muda com a família para o Rio de Janeiro no ano de 1949. Beatriz foi uma historiadora formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro no ano de 1971, e durante a sua trajetória acadêmica se fez presente e atuante nas lutas antirracistas e feministas. Possui papel fundamental nos movimentos de luta racial na Universidade Federal Fluminense ao fundar, com outros estudantes e pesquisadores negros, o Grupo de Trabalho André Rebouças no ano de 1974, o GTAR foi o primeiro grupo de estudantes negros dentro de uma universidade brasileira. Nesse período, a historiadora oferece na publicação “Por uma história do homem negro”, um panorama muito amplo ao comentar a necessidade de fazer a história por mãos negras, escrever a história sem permitir que a abordagem a escravize.
Em 1981, concluiu a sua pós-graduação Lato Sensu em História do Brasil também na UFF, e sua pesquisa nesse período era intitulada: “Sistemas alternativos organizados pelos negros: dos quilombos às favelas”. Durante esse período e posteriormente suas pesquisas exploram com muito cuidado a formação dos quilombos no Brasil. Suas produções estudam e comentam a noção de quilombo, unindo a sua experiência pessoal e seu ativismo político ela estabelece um “continuum” entre o quilombo e a favela e afirmando que houve uma ressignificação do quilombo, se atualizando de forma a se referir a todos os locais que resguarda a cultura e os modos vindos de África.
Autora do documentário “Ôri” de 1989 a estudiosa une a noção de corporeidade e territorialidade, explora com clareza a natureza identitária da noção de quilombo e ori, e esse “continuum” para construção dessa identidade, lutando contra a fragmentação que a autora denuncia existente ao documentar o homem negro. Em seu documentário, uma das grandes contribuições é pensar a produção de memória ancorada no próprio corpo, ciente de que não existe mais o território, uma África para que seja “desfeito” o processo de diáspora. Que o corpo então seja o próprio quilombo, seja memória, resistência, identidade e território.
Com uma obra que embora curta, que dura apenas duas décadas, seus estudos se permitem explorar diferentes tópicos que permeiam a existência do povo preto, comenta com muita propriedade os efeitos de raça e sexo nas mulheres negras, no campo afetivo e no campo profissional, comentando as amarras que o colonialismo plantou. Se dispõe ainda a explorar os diferentes braços do racismo que acompanham o povo preto desde sua formação escolar, de forma a trazer prejuízos desde o início de sua formação acadêmica. Em 1987 ela é agraciada com o título de Mulher do Ano 1986, pelo Conselho Nacional de Mulheres no Brasil
Infelizmente, tem sua vida ceifada precocemente no ano de 1995 pelo companheiro de uma de suas amigas, vítima de uma violência de gênero. Atualmente, após 25 anos da sua morte, não existe dúvida da sua necessidade enquanto referência na produção de material antirracista, muito menos da necessidade se conhecer sua vida e obra. Além de sua relevância na movimentação política em questões de raça e gênero, suas produções têm um valor imensurável para as pesquisas posteriores em diversos campos e abordagens e por ter em suas obras diversos gêneros como poesia, crítica historiográfica, projetos de pesquisa, roteiro cinematográfico, entre outros. No ano de 2022 a Universidade Federal Fluminense concede à intelectual o título de Doutora Honoris Causa in Memoriam.
#ParaTodosVerem:Fotografia em preto e branco de Beatriz Nascimento, mulher negra com um lenço estampado amarrado cobrindo seu cabelo, ela está sentada olhando para o lado e exibindo um belo sorriso.