Laboratório de Estudos Interseccionais da Linguagem e do Desenvolvimento Humano

Seção 2 – O Método Científico

 

 

Nesta aula os conceitos estudados foram:
Definição de método científico: método das ciências humanas e método das ciências da natureza;
Diferenças entre o método hipotético-dedutivo e o método indutivo;
Diferenças entre ciências naturais e ciências humanas
A primeira atividade dessa seção foi a exibição de um episódio da série de divulgação científica: Cosmos – MACFARLANE e DRUYAN.
< https://www.xn--documentriosonline-5rb.blog.br/2014/04/cosmos-episodio-05-um-ceu-cheio-de.html>) .
Segue relato do meu diário de campo:

 

    Para discutirmos o método cientifico foi exibido o capítulo dez da série cosmos que relata vida de Michael Faradey (1791-1867), físico e químico Inglês que deu grandes contribuições na eletroquímica. Ele foi responsável pela criação dos termos: cátion, ânion, eletrodo, eletrolítico entre outros. Faraday teve uma vida pobre e sofrida com problemas na fala (Dislalia). E como o ensino nesta época era rigoroso, ele acabou abandonando a escola, o que lhe acabou trazendo problemas na fase adulta, pois a academia não queria apenas os experimentos de Faraday, que eram maravilhosos, eles queriam que as ideias dele fossem traduzidas em linguagens matemáticas. E isso Faraday não era capaz de fazer, pois os símbolos e signos do mundo acadêmico não faziam parte do seu conhecimento. Os seus experimentos só foram reconhecidos quando outro físico, James Clerck Maxwel (1831-1879), foi capaz descrever as descobertas de Faraday em linguagem matemática. O filme foi utilizado como forma de despertar os conhecimentos prévios que eles já trazem sobre os assuntos que seriam tratados sobre o método cientifico.
O filme teve que ser exibido duas vezes, pois na primeira vez em que passei o filme, senti certo desconforto nos alunos e a falta de atenção deles. Parei a exibição do o filme e perguntei o que estava acontecendo. O filme não é bom? Belo, outro aluno da minha turma de NEJA, tão desesperançoso, é quem identifica que os colegas estão com dificuldades de estabelecer a relação entre a imagem e a palavra escrita durante a exposição de um filme de divulgação cientifica. Aprendi com Belo que o filme não pode ser mero recurso ilustrativo, para ser mediador de fato entre o conceito cotidiano e o conceito cientifico é preciso saber construir vínculos entre a imagem, a letra e o sentido. Vou novamente ao encontro do psicólogo russo, para o qual não hárelação clara e distinta entre o pensamento, a imagem e a fala (VIGOTSKI, 2003), essa relação precisa ser construída. Belo e Vigotski me ensinaram que não há desenvolvimento que se dê independente do outro, independente do contexto. As funções psicológicas precisam ser desenvolvidas no ato do encontro dialógico.
Lembrei-me da fala de Freire sobre o poder das palavras, pois só a visualização das imagens dos experimentos que apareciam no filme, sem o entendimento das palavras, não possibilita a compreensão do conceito do vasto número de aulas que já dei sem me preocupar, se o que estava sendo dito estava sendo entendido por quem me escutava. Essa relação entre imagem, pensamento e linguagem não é natural, precisa ser experenciado a partir da dialogia com o outro.
Na semana seguinte, após a exibição do filme dublado, o que rondou os nossos debates foi a necessidade de se conhecer a ciência e suas singularizações.
Muitos alunos comentaram a exclusão do Faraday do ensino formal, mas que isso não o impediu de fazer grandes descobertas, os alunos conseguiram perceber, assistindo o filme, o quanto é difícil realizar pesquisas e o número de tentativas, métodos e experimentos que uma pessoa deve realizar para fazer uma descoberta.Os alunos conseguiram perceber que devido a sua vida pobre e o pouco ensino recebido durante a sua juventude, acabou sendo excluído do mundo acadêmico, mas que isso não o impediu de realizar grandes descobertas, mas reconheceram a dificuldade de Faraday em traduzir as suas descobertas em linguagens matemáticas, foi discutindo por tanto o rigor do mundo acadêmico, embora muitos alunos não concordem com tanto rigor eles acabam reconhecendo a necessidade em adquirir o conhecimento dado pelas escolas. Essa discussão levou alguns alunos se reportarem sobre as suas práticas diárias em seus trabalhos, pois eles relataram que às vezes explicavam para um engenheiro como uma determinada tarefa deveria ser realizada, pois o engenheiro tinha a teoria adquirida dos livros escritos pelo mundo acadêmico, mas eles tinham a prática e que de certa forma um complementava o outro, mas que o engenheiro pelo fato de ter o diploma era mais reconhecido que eles. Fizemos importantes discussões sobre esses assuntos, muitos alunos compreenderam a importância da prática do trabalho com a união com o conhecimento do mundo acadêmico e as suas tecnologias.

 

Translate »
Skip to content